A família Symington anuncia o lançamento limitado de duas edições comemorativas de Portos Vintage 2020 Graham’s e Warre’s

2022-04-13

O ano de 2020 foi a mais pequena colheita deste século no Douro, tendo produzido vinhos incrivelmente concentrados, bem-estruturados e retintos, em volumes muito pequenos e com os vinhos mais notáveis a nascerem na sub-região do Cima Corgo.

Decidimos avançar, excecionalmente, com um engarrafamento e lançamento muito restrito de duas edições especiais de Portos Vintage Graham’s e Warre’s, exclusivamente provenientes das melhores parcelas das suas propriedades localizadas no Cima Corgo. Estes Portos Vintage especiais assinalam dois marcos históricos em 2020: o bicentenário da Graham’s e os 350 anos da Warre’s.

A qualidade no Cima Corgo foi de tal ordem que selecionamos também para engarrafamento uma pequena quantidade de Dow’s Porto Vintage Quinta do Bomfim.

Video: veja o depoimento de Charles Symington

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Em 2020, registou-se no Douro o mais quente mês de julho alguma vez observado, com temperaturas 3,5°C acima da média mensal. A região teve ondas de calor em junho, agosto e setembro com vários picos de calor sentidos e com níveis de temperaturas máximas — concentrados em períodos de vários dias — acima da média dos 30 anos. Como consequência, as produções sofreram reduções substanciais face às nossas previsões de julho — até 40% a menos nalgumas das nossas propriedades.

A própria vindima foi como nenhuma do passado recente. Castas que habitualmente atingem a plena maturação de forma faseada precisaram de ser vindimadas ao mesmo tempo, mais concretamente a Touriga Nacional, colhida em simultâneo com a tipicamente tardia Touriga Franca. Recorrendo ao conhecimento multigeracional que a nossa família possui das nossas propriedades, adaptámo-nos às condições e vindimámos as uvas com precisão. Elegemos as parcelas a vindimar em função das cotas de elevação e exposições mais frescas e procedemos a algumas fermentações conjuntas (de castas).

Após uma avaliação dos vinhos de topo das nossas melhores propriedades, espalhadas pelo Douro, tornou- se claro que o Cima Corgo tinha produzido vinhos de extraordinária qualidade — embora em quantidades diminutas. Decidimos, por conseguinte, proceder, a título excecional, ao engarrafamento de duas edições limitadas de Portos Vintage Graham’s e Warre’s que celebram, respetivamente, os 200 e os 350 anos de cada casa.

GRAHAM’S PORTO VINTAGE 2020 – EDIÇÃO DO BICENTENÁRIO

O Graham’s Porto Vintage 2020 provém de parcelas de vinha em cotas elevadas e com exposição a noroeste situadas em três das quatro propriedades da Graham’s: Quinta dos Malvedos (55%), Quinta da Vila Velha (25%) e Quinta do Tua (20%).

Este Porto Vintage é um lote singular, constituído por duas co-fermentações (castas vinificadas conjuntamente) — Touriga Nacional + Touriga Franca; Sousão + Touriga Nacional (dos muros de pedra — Stone Terraces — dos Malvedos) e de vinhas velhas (mistura de castas), além de Alicante Bouschet.

O resultado é um Porto Vintage extraordinariamente opulento, intenso e com imensa frescura. Embora possua o cunho clássico Graham’s, revela uma singular complexidade aromática e camadas infindáveis de fruto.

Lançamento 2022 limitado en primeur: 3,000 garrafas (75cl)

O vinho será disponibilizado em caixas especiais comemorativas de madeira (3x75cl), cujas garrafas terão o tradicional rótulo Porto Vintage Graham’s, até aqui reservado aos Portos Vintage icónicos do século XX, tais como o 1963 e o 1970.

WARRE’S PORTO VINTAGE VINHAS VELHAS 2020 – EDIÇÃO DOS 350 ANOS

O Warre’s Porto Vintage Vinhas Velhas 2020 provém exclusivamente de vinhas com idades compreendidas entre os 80 e os 100 anos, com sistemas radiculares bem desenvolvidos e profundos (de parcelas totalmente lavradas com recurso a tração animal), cultivadas em duas propriedades da Warre’s: a Quinta da Cavadinha (53% do lote) e Quinta do Retiro (47%).

Estas impressionantes vinhas velhas produziram apenas 380g/videira na Cavadinha e 240g/videira no Retiro. Foram precisas três videiras para produzir uma garrafa deste Porto Vintage — tipicamente uma videira é suficiente. As exposições mais frescas e/ou mais resguardadas destas duas propriedades mostraram o enorme benefício destas características em 2020 – comprovado pela incrível resiliência das vinhas velhas.

Foi a primeira vez que produzimos um Porto Vintage Warre’s exclusivamente a partir de vinhas velhas — existentes em duas das nossas propriedades. O vinho revela um perfil intensamente frutado e uma concentração e elegância sem igual e que, de certa forma, contradizem as condições do ano.

Lançamento 2022 limitado en primeur: 2,400 garrafas (75cl)

O vinho será disponibilizado numa caixa especial comemorativa de madeira (3x75cl).

DOW’S QUINTA DO BOMFIM PORTO VINTAGE 2020

O Dow’s Porto Vintage Quinta do Bomfim 2020 foi produzido a partir de parcelas em cotas mais elevadas na propriedade, onde a Touriga Franca teve um desempenho particularmente bom, mostrando grande resiliência face às condições do ano. As produções foram, em média, de 660g/videira, proporcionando vinhos estruturados e com extraordinária profundidade.

Este Porto Vintage de quinta é constituído por: Touriga Franca (55%), Touriga Nacional (25%) e uma proporção significativa de Sousão (20%) — pela elevada acidez natural.

Com a sua concentração de frutos pretos maduros, balanceado pelos laivos de acidez e o típico final de boca mais seco da Dow’s, este vinho representa a essência do terroir único da Quinta do Bomfim.

Lançamento 2022 limitado en primeur: 1,200 garrafas (75cl)

O vinho será disponibilizado numa caixa de madeira (6x75cl) e caixas individuais.

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Decidimos engarrafar Portos Vintage 2020 Dow’s Quinta da Senhora da Ribeira e Cockburn’s Quinta dos Canais, que envelhecerão nas nossas caves para lançamento futuro.

Não iremos engarrafar Porto Vintage da Quinta do Vesúvio porque a adega esteve encerrada em 2020, em virtude das restrições do Covid-19. Foi o primeiro ano desde a construção da adega em 1827 que não houve pisa nos lagares. Para nos manter fiéis a esta tradição, decidimos não produzir um Porto Vintage Quinta do Vesúvio.

CICLO DE CRESCIMENTO

As nossas equipas de viticultura e enologia estão já bem calejadas em gerirem os desafios de um Douro tendencialmente mais quente e seco. É um testemunho às suas capacidades — e à resiliência das castas autóctones — que foi possível produzir vinhos tão excecionais num ano extraordinário como foi 2020.

‘Garra e recompensa’ foi como na altura caracterizámos a vindima de 2020, no seguimento de mais um ciclo de crescimento moldado por padrões climáticos recorde.

Enquanto os níveis de precipitação no inverno e no início da primavera estiveram em linha com a média, as temperaturas estiveram acima da média. Fevereiro foi um mês particularmente soalheiro, atingindo temperaturas pelo menos 2°C acima da média dos 30 anos. Como consequência, as vinhas despertaram do seu período de dormência três semanas antes do habitual, com o abrolhamento a surgir no Cima Corgo a partir de 3 de março. A floração também se antecipou — duas semanas antes do que seria normal, a começar no dia 5 de maio. Todos os meses, com exceção de abril, foram consideravelmente mais quentes que a média dos 30 anos e o mês de julho no Douro atingiu temperaturas recorde — 3,5°C acima da média para a região.

As vinhas demonstraram uma variedade de respostas naturais às condições, incluindo a redução da dimensão dos cachos e dos próprios bagos, o que diminuiu a pressão sobre as escassas reservas de água nos solos. Felizmente, 15mm de chuva, no momento certo, caíram em grande parte do Douro no dia 17 de agosto, acompanhados de uma descida das temperaturas.

VINDIMA

Sem surpresa, as maturações estavam avançadas e nos últimos dez dias de agosto tornou-se claro que castas que normalmente atingem a plena maturação de forma faseada, teriam de ser vindimadas em simultâneo. Embora uma colheita mais curta possa facilitar a gestão da vindima, a sobreposição das maturações das castas acrescentou maior grau de dificuldade às operações.

Começámos a vindimar no dia 1 de setembro e as nossas experientes equipas de viticultura e enologia adaptaram-se muitíssimo bem — assegurando que as castas dessem entrada nas adegas no momento indicado. Estas condições pouco habituais permitiram co-fermentações como, por exemplo, a Touriga Nacional e a Touriga Franca, dando origem a vinhos complexos. Inevitavelmente, as produções ressentiram- se com perdas de 21% face à média dos últimos dez anos nas nossas quintas no Douro — apenas 840g/videira, ou 2.697 Kg/ha.

As castas que mais deram nas vistas foram a Touriga Nacional, que produziu vinhos com excelente estrutura, e o Sousão, que proporcionou apurada acidez - o que não deixa de surpreender face às condições do ano. Os anos comparáveis são 2000 e 2009, que foram também especialmente quente, além de seco, com produções muito baixas mas que, não obstante, proporcionou pequenas quantidades de vinhos do Porto intensos e bem-estruturados.

AVALIAÇÃO E DECISÃO

O facto do terroir do Douro proporcionar tamanha diversidade de microclimas é uma enorme vantagem num ano como 2020. É necessária uma rara constelação de eventos para a qualidade ser excecional de forma homogénea em toda a região (como sucedeu em 2011, 2016 e 2017). Em 2020, acreditamos que as particulares condições do ano deram origem a alguns vinhos de exceção, em quantidades diminutas — no Cima Corgo. Decidimo-nos, excecionalmente, por dois lotes de Porto Vintage da Graham’s e Warre’s — com base nas propriedades localizadas nesta sub-região — para assinalar as efemérides marcantes em 2020, para estas duas casas históricas e para a nossa família.

CHARLES SYMINGTON, PRINCIPAL ENÓLOGO SYMINGTON FAMILY ESTATES

 

Publicado em 2022-04-13
© Symington Family Estates

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