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O Douro é a maior área de vinha de montanha do mundo, representando 52% do total classificado como vinha de montanha no planeta. 40% das vinhas do Douro estão em encostas com declives que variam de 30 a 70%. Com esta topografia, a maior parte do trabalho na vinha é realizado de forma manual devido à dificuldade de desenvolver máquinas para um terreno tão acidentado.
A atividade mais exigente é a vindima, embora no passado tenha sido possível encontrar pessoas suficientes para colher as uvas. Nos últimos anos, a realidade demográfica do Douro tem mudado rapidamente. Os últimos censos (2001-2011) mostraram um declínio na população regional na ordem dos 8 a 16% (variando por sub-regiões). De 2011 a 2016 a população em idade ativa diminuiu 5,2% e as projeções indicam uma redução adicional de 10% até 2021. A demografia reflete o envelhecimento da população e os jovens que permanecem preferem trabalhar noutras áreas, como a crescente indústria do enoturismo.
Nos últimos anos, a escassez de trabalhadores tornou-se um problema sério. Durante a vindima de 2018 a falta de pessoal foi parcialmente mitigada devido à redução em 30% da colheita. Ainda assim, muitos produtores tiveram grande dificuldade em encontrar pessoas suficientes para vindimar. Quando há menos trabalhadores, é muito mais difícil vindimar na altura mais indicada (quando as maturações estão perfeitas), uma vez que há muito menos flexibilidade nos planos de corte da vindima.
A nossa equipa de viticultura tem conhecimento desta situação há já algum tempo e tomou medidas para se preparar para o futuro. Sem qualquer solução 'chave na mão' à vista, sabíamos que teríamos de desenvolver o nosso próprio vindimador mecânico. Em 2014 iniciámos um projeto ambicioso para planear com antecedência a introdução de vindima mecanizada, o que exigiu a adaptação das próprias vinhas para que a máquina pudesse realmente fazer o seu trabalho.
Em 2015, com a ajuda da Universidade de Geisenheim, na Alemanha, abordámos um fabricante de máquinas agrícolas que estava a desenvolver uma máquina de vindimar para produtores de vinho no Mosel, uma região vinícola alemã com semelhanças topográficas ao Douro. Testámos um protótipo adaptado às exigências do Douro durante a vindima de 2016 e um segundo protótipo em 2017. A máquina, já em fase de produção, esteve operacional durante a vindima de 2018. A próxima etapa é adaptar as nossas vinhas existentes, sempre que possível, e desenvolver formas de plantar videiras com uma disposição otimizada para a vindima mecanizada.