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Até à década de 1960 a maioria do vinho do Porto era produzido em lagares, tanques de granito nos quais as uvas eram pisadas por pessoas. A emigração da região do Douro e o envelhecimento da população levaram os produtores a adotar métodos alternativos de vinificação menos dependentes de mão de obra. No entanto, a pisa em lagares foi mantida, tanto quanto possível, uma vez que produzia vinhos do Porto de excelente qualidade.
Durante a década de 1990, quando a escassez de mão-de-obra se tornou mais aguda, a nossa equipa de produção debruçou-se sobre a possibilidade de mecanizar o processo da pisa. Identificámos as características dos lagares tradicionais que produziam excelentes vinhos e replicámos essas características, mantendo os melhores aspetos e corrigindo as limitações conhecidas. Uma das considerações mais importantes foi a configuração do lagar, a qual assegurava uma alta taxa de contacto entre os componentes liquidos e sólidos dos mostos, devido à grande área de superfície e pouca profundidade. O desenho dos lagares modernos automatizados de inox seguiu portanto a mesma configuração dos tradicionais lagares de pedra.
Testámos protótipos em 1998 e 1999 e instalámos os primeiros três lagares modernos totalmente operacionais na adega da Quinta dos Malvedos em 2000. O novo sistema rapidamente provou a sua eficácia e, em rápida sucessão, instalámos novos lagares modernos nas adegas da Cavadinha, Senhora da Ribeira e Bomfim.
Os lagares modernos têm múltiplas vantagens: (1) capacidade dupla de pisa e de submersão da manta; (2) elevado índice de contacto entre a matéria liquida e sólida dos mostos, assegurando excelentes macerações; (3) controlo de temperatura e pressão da pisa; (4) ação basculante hidráulica garante um rápido vazamento e enchimento; (5) disponibilidade 24 horas por dia; (6) higiene melhorada pelo uso de inox; (7) micro-oxigenação ideal do mosto; (8) baixos custos de operação.
Os lagares modernos, concebidos e desenvolvidos internamente pela nossa equipa revelaram-se revolucionários e representam um dos mais significativos avanços na produção de vinhos no Douro. O seu sucesso reflete-se nas excecionais críticas e pontuações alcançadas pelos Portos Vintage que neles produzimos desde 2000.