Família Symington Declara o Porto Vintage 2017

SFE - 2019-04-09

Temos o prazer de anunciar o ano de 2017 como Porto Vintage, o que assinala a primeira declaração geral de dois Vintage consecutivos na história da nossa família, desde que Andrew James Symington chegou ao Porto em 1882.

O anúncio — apenas a 6.ª declaração Vintage do século XXI — fecha um período de intensa discussão dentro do setor sobre se 2017 justificaria uma plena declaração, uma vez que a qualidade do muito elogiado 2016 elevou muito a fasquia, e por que as declarações Vintage são muito raras. A primeira declaração de sempre de dois anos seguidos pela família é um momento marcante na nossa longa história e resulta de dois anos sucessivos muito diferentes, mas de elevadíssima qualidade para vinho do Porto.

Os vinhos de 2017 resultam de um ciclo da vinha adiantado que culminou na vindima mais precoce no percurso de 137 anos da nossa família como produtores de vinho do Porto. Um ano bastante mais quente e seco do que o normal, deu origem a bagos compactos em excelentes condições, com produções entre as mais baixas deste século — 20% inferiores à média da última década.

Apesar da vindima ter arrancado em agosto, as maturações apresentavam-se muito equilibradas, o que deu origem a vinhos caracterizados por intensidade, concentração e estrutura extraordinárias, conjugado com aromas e frescura notáveis.

Temos produzidos Portos Vintage 2017 a partir das nossas principais quintas do Douro e vamos brevemente colocar no mercado quantidades muito limitadas de Graham’s, Dow’s, Warre’s e Quinta do Vesúvio, além de Graham’s 'The Stone Terraces' e Capela da Quinta do Vesúvio (2017 será apenas a quarta edição destes dois últimos vinhos, produzidos unicamente em anos verdadeiramente excecionais). Dadas as produções muito baixas, o Porto Vintage 2017 é, em quantidade, a mais “pequena” declaração Symington do século XXI.

Para informações detalhadas sobre cada vinho, consulte The Vintage Port Site.


 “Nos meus 25 anos como enólogo na nossa empresa familiar, nunca vi um ano como este. As produções foram muito baixas, mas a intensidade, concentração e estrutura foram de cortar a respiração. Produzimos vinhos muito bons”.

- Charles Symington, enólogo principal


Ciclo de crescimento e condições da vindima

Estamos acostumados aos desafios que o Douro nos coloca, por via da baixa precipitação e das elevadas temperaturas estivais, mas 2017 foi ainda mais quente e seco que o habitual com apenas metade da precipitação que teríamos num ano normal. O facto de termos produzido vinhos excecionais neste ano, reflete bem a extraordinária capacidade das castas autóctones em se adaptarem a condições exigentes.

A precipitação razoável entre outubro de 2016 e fevereiro de 2017 criou reservas de água nos solos que, apesar de baixas, conseguiram suster as vinhas durante o longo verão seco. Apesar do calor que foi uma constante durante grande parte do ciclo de crescimento, as temperaturas de agosto estiveram mais próximas da média do que no período homólogo de 2016, o que foi muitíssimo benéfico para o estado das vinhas após uma primavera e verão em que pouco ou nada choveu.

As castas do Douro têm uma adaptabilidade incrível, que mais uma vez ficou provada em 2017. O início do ciclo em março coincidiu com uma pronunciada subida das temperaturas e uma descida na precipitação. As vinhas, como que a adivinhar as condições de secura que se avizinhavam, reagiram em conformidade reduzindo o seu consumo de água. O resultado foi menor vigor vegetativo, o que se traduziu em canópias da vinha menos exuberantes e, mais tarde, na formação de bagos mais compactos, contribuindo uma e outra situação para reduzir a pressão sobre as escassas reservas de água no solo. As condições soalheiras tiveram a vantagem adicional de travar a incidência de doenças da vinha, propiciando uma colheita saudável com bagos perfeitamente formados.

Inevitavelmente, as produções tiveram uma quebra muito significativa: a produção média por videira nas nossas quintas situou-se nos 860 g, ou 2 815 kg/ha. A Touriga Franca, uma das estrelas deste ano, registou rendimentos na ordem dos 600 g/videira nalgumas das nossas vinhas.

O Douro foi abençoado com a condição rara de ter dois anos excelentes seguidos: 2016 e 2017; cada um com condições climáticas muito distintas que deram origem a dois Portos Vintage muito diferentes, mas ambos de qualidade excecional.

É interessante olhar para trás para os precedentes no Douro de anos quentes e secos que deram origem a vinhos que se tornaram clássicos. O famoso 1945, considerado um dos grandes Portos Vintage, foi produzido num ano cujo ciclo da vinha tem semelhanças incríveis com 2017, no que diz respeito a temperaturas, precipitação, produções e cronologia. Os dois anos tiveram ciclos de crescimento muito adiantados, com maturações atempadas e equilibradas a culminar em vindimas precoces. Em 2017, Charles Symington teve de pedir às suas equipas de viticultura e enologia para encurtar as férias de verão para darem início à vindima em finais de agosto. Foia primeira vez que nós como família vindimámos uvas tintas em agosto. O sacrifício de dias de férias perdidos foi compensado pela excelente qualidade do vinho.


“Poucas regiões de vinhos do mundo restringem as produções de vinhos de topo com o mesmo grau de exigência que seguimos no Douro, e a decisão de declarar Portos Vintage em dois anos consecutivos não foi tomada de ânimo leve. Contudo, estes dois anos excecionais produziram vinhos de qualidade tão elevada que tornou incontornável esta decisão histórica”.

- Johnny Symington, Chairman


 

Text by SFE · Publicado em 2019-04-09
© Symington Family Estates

Mais no blog: